terça-feira, 15 de maio de 2012


A suinocultura no Brasil
A produção de carne suína existe no Brasil desde os primórdios da nossa civilização e suas carne e banha vêm sendo utilizadas pela população brasileira desde então, tendo inicialmente apresentado um maior dinamismo em Minas Gerais (nas regiões de garimpo). No final do século XIX e início do século XX, com a imigração européia para os estados do Sul, a suinocultura ganhou um novo aliado. Esses imigrantes vindos principalmente da Alemanha e da Itália trouxeram para o Brasil os seus hábitos alimentares de produzir e consumir suínos, bem como um padrão próprio de industrialização.
Até nos anos 1970 a suinocultura era uma atividade de duplo propósito. Além da carne, fornecia gordura para o preparo dos alimentos (esta inclusive era demanda mais relevante). A partir dos anos 1970, com o surgimento e difusão dos óleos vegetais, a produção de suínos como fonte de gordura perdeu espaço, sendo quase que totalmente eliminada do padrão de consumo da população brasileira. Para fazer face a esta transformação, os suínos passaram por uma grande transformação genética e tecnológica e desde então perderam banha e ganharam músculos.
Da estagnação ao crescimento do mercado
Mas estas mudanças na genética e na produção de suínos ainda não foram totalmente percebidas pelos consumidores brasileiros e esse fato aliado aos preconceitos em relação ao efeito da carne suína sobre a saúde humana (a percepção popular de que a carne suína faz mal) fez com que o consumo de carne suína no Brasil tenha ficado praticamente estagnado nos anos 1980 e 1990. Além disso, os anos 1980 foram marcados pela crise macroeconômica na economia nacional (alta inflação e déficit na balança de pagamentos) que resultou em um crescimento insignificante da renda dos consumidores brasileiros.
Devido a todos esses problemas, a demanda do mercado pela carne suína somente apresentou um crescimento mais significativo a partir de meados da década de 1990, induzido pela queda de preços deste produto ao consumidor final e a ações lançadas pelos próprios suinocultores. Um fundo de promoção e divulgação para a carne suína e seus derivados criado nessa época atuou diretamente nas promoções feitas em supermercados, sendo que na televisão foram divulgados os benefícios do produto, procurando eliminar os mitos referentes ao consumo desta carne.
Hoje as coisas estão bem, mas para competir no mercado internacional é um desafio constante que requer posicionamento estratégico e atento aos menores sinais ou sintomas de mudanças, sejam elas econômicas, políticas ou sociais. Em um mundo fortemente globalizado e com o crescimento do volume de transações entre os países e os blocos econômicos, todos estão buscando por vantagens mercadológicas e conseqüentemente, econômicas e sociais. Dessa forma, as “regras do jogo” mudam facilmente e uma situação confortável no presente pode de transformar em uma situação de risco no curto prazo.
É necessário, adotar algumas medidas preventivas que eliminam ou reduzam significativamente a imposição de “regras” por partes dos países compradores. Algumas destas regras impostas a serem evitadas são as barreiras comerciais não-tarifárias, que se baseiam no argumento da presença de algum organismo patológico qualquer, o que nem sempre é factível. Riscos deste tipo são ainda mais sério quando o mercado comprador é extremamente concentrado, tendo um único país como comprador majoritário.
Estes parecem ser alguns dos pontos fracos e preocupantes da cadeia brasileira da carne suína.O Brasil vem aumentando sua participação no mercado internacional dessa carne, mas apenas quatro ou cinco países são responsáveis pela compra de mais de 90% do volume exportado. Mais preocupante ainda é o fato de que a Rússia sozinha é responsável pela compra de mais de 50% da carne suína que o Brasil exporta. Por isso, esta cadeia produtiva que se organiza para aumentar sua participação no mercado mundial, ainda precisa planejar melhor sua atividade a médio ou longo-prazo, porque, freqüentemente, tem encontrado em dificuldades medianas o cancelamentos de importações e outras barreiras impostas pelos países exportadores, especialmente a Rússia.
E para conseguir reduzir as conseqüências negativas que isso acarreta para toda a cadeia produtiva é necessário que exista uma atenção maior dos agentes coordenadores dessa cadeia produtiva da carne suína não apenas em ampliar a participação do Brasil no mercado mundial, mas também em diversificar o mercado comprador, reduzindo os riscos através de vendas mais pulverizadas. A principal questão é saber que características apresentam as agroindústrias que possuem mercados mais diversificados.
 



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