A suinocultura no Brasil
A produção de
carne suína existe no Brasil desde os primórdios da nossa civilização e suas
carne e banha vêm sendo utilizadas pela população brasileira desde então, tendo
inicialmente apresentado um maior dinamismo em Minas Gerais (nas
regiões de garimpo). No final do século XIX e início do século XX, com a
imigração européia para os estados do Sul, a suinocultura ganhou um novo
aliado. Esses imigrantes vindos principalmente da Alemanha e da Itália
trouxeram para o Brasil os seus hábitos alimentares de produzir e consumir
suínos, bem como um padrão próprio de industrialização.
Até nos anos 1970 a suinocultura era uma
atividade de duplo propósito. Além da carne, fornecia gordura para o preparo
dos alimentos (esta inclusive era demanda mais relevante). A partir dos anos
1970, com o surgimento e difusão dos óleos vegetais, a produção de suínos como
fonte de gordura perdeu espaço, sendo quase que totalmente eliminada do padrão
de consumo da população brasileira. Para fazer face a esta transformação, os
suínos passaram por uma grande transformação genética e tecnológica e desde
então perderam banha e ganharam músculos.
Da estagnação ao
crescimento do mercado
Mas estas
mudanças na genética e na produção de suínos ainda não foram totalmente
percebidas pelos consumidores brasileiros e esse fato aliado aos preconceitos
em relação ao efeito da carne suína sobre a saúde humana (a percepção popular
de que a carne suína faz mal) fez com que o consumo de carne suína no Brasil
tenha ficado praticamente estagnado nos anos 1980 e 1990. Além disso, os anos
1980 foram marcados pela crise macroeconômica na economia nacional (alta
inflação e déficit na balança de pagamentos) que resultou em um crescimento
insignificante da renda dos consumidores brasileiros.
Devido a
todos esses problemas, a demanda do mercado pela carne suína somente apresentou
um crescimento mais significativo a partir de meados da década de 1990,
induzido pela queda de preços deste produto ao consumidor final e a ações
lançadas pelos próprios suinocultores. Um fundo de promoção e divulgação para a
carne suína e seus derivados criado nessa época atuou diretamente nas promoções
feitas em supermercados, sendo que na televisão foram divulgados os benefícios
do produto, procurando eliminar os mitos referentes ao consumo desta carne.
Hoje as coisas estão
bem, mas para competir no mercado internacional é um desafio constante que
requer posicionamento estratégico e atento aos menores sinais ou sintomas de
mudanças, sejam elas econômicas, políticas ou sociais. Em um mundo fortemente
globalizado e com o crescimento do volume de transações entre os países e os
blocos econômicos, todos estão buscando por vantagens mercadológicas e
conseqüentemente, econômicas e sociais. Dessa forma, as “regras do jogo” mudam
facilmente e uma situação confortável no presente pode de transformar em uma
situação de risco no curto prazo.
É
necessário, adotar algumas medidas preventivas que eliminam ou reduzam
significativamente a imposição de “regras” por partes dos países compradores.
Algumas destas regras impostas a serem evitadas são as barreiras comerciais
não-tarifárias, que se baseiam no argumento da presença de algum organismo
patológico qualquer, o que nem sempre é factível. Riscos deste tipo são ainda
mais sério quando o mercado comprador é extremamente concentrado, tendo um
único país como comprador majoritário.
Estes
parecem ser alguns dos pontos fracos e preocupantes da cadeia brasileira da
carne suína.O Brasil vem aumentando sua participação no mercado internacional
dessa carne, mas apenas quatro ou cinco países são responsáveis pela compra de
mais de 90% do volume exportado. Mais preocupante ainda é o fato de que a
Rússia sozinha é responsável pela compra de mais de 50% da carne suína que o
Brasil exporta. Por isso, esta cadeia produtiva que se organiza para aumentar
sua participação no mercado mundial, ainda precisa planejar melhor sua
atividade a médio ou longo-prazo, porque, freqüentemente, tem encontrado em
dificuldades medianas o cancelamentos de importações e outras barreiras impostas
pelos países exportadores, especialmente a Rússia.
E
para conseguir reduzir as conseqüências negativas que isso acarreta para toda a
cadeia produtiva é necessário que exista uma atenção maior dos agentes
coordenadores dessa cadeia produtiva da carne suína não apenas em ampliar a
participação do Brasil no mercado mundial, mas também em diversificar o mercado
comprador, reduzindo os riscos através de vendas mais pulverizadas. A principal
questão é saber que características apresentam as agroindústrias que possuem
mercados mais diversificados.


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